O sol e o calor já se faziam sentir pelas oito da manhã. A cama incomodava e os pensamentos vagueavam pelo prazer de uma bela manhã de praia.
Chegamos à praia por volta das nove e um quarto. Surpreendida reparo que esta já se encontra coberta de gente. Pessoas estendidas ao sol, deitadas nas suas toalhas numa preguiça saudável, pessoas sentadas nas rochas a olhar o vazio do horizonte, pessoas na água nadando vigorosamente, pessoas a receber as ondas que candidamente se enrolam nos seus pés enquanto conversam animadamente umas com as outras.
Abro o pára-vento, não porque houvesse nortada, mas pela necessidade de me sentir mais aconchegada, protegida de olhares indiscretos.
Estendo a toalha e vagarosamente deito-me ao sol e deixo que este me envolva nos seus braços. Tiro o livro e o chapéu da mala (o protector já tinha sido colocado em casa, num ritual diário, independentemente de uma ida à praia ou não) e assim partilho outras histórias, histórias de pessoas que não conheço, mas que me dizem tanto que me permitem partilhar a sua vida de uma forma quase omnipresente.
No entanto, o sol vai-me embalando cantando canções que só eu ouço e fecho os olhos numa atitude semi-inconsciente. Ao longe, ouço as pessoas a falar das suas vidas, do jogo de futebol onde o árbitro só roubou, de mães que se puseram a pé às cinco da manhã para fritar croquetes e bolinhos de bacalhau (nunca compreendo se é um desabafo de lamúria ou de bravura) e os risos das crianças que brincam ternamente umas com as outras e, lentamente, adormeço.
O sol aquece cada vez mais é uma forma simpática de me acordar carinhosamente. Vagarosamente regresso ao riso das crianças, às conversas amenas de uma manhã de verão, olho à minha volta e vejo o mar com toda a sua dimensão e profundidade. Os raios de sol batem no azul da água, respiro fundo e penso que é hora de voltar a casa.
Chamo o pessoal e relembro que são horas de regressar. As pessoas gracejam sobre o facto de se ir à praia e não se tomar banho, não entrar naquele mar azul onde a água estava “fantástica” e eu sorrio, sarcasticamente, para dentro pois desisti, há muito tempo, de tentar explicar que eu adoro praia, adoro olhar para o mar, mas que não encontro prazer em entrar naquela água gelada e mergulhar na sua mística profundeza.
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(Imagem retirada da Internet)